Saíram em disparada a fim de alcançarem a
viatura com o velho. Lisa correu para o utilitário do outro lado da rua, San
vinha logo atrás. Minutos depois chegavam no Departamento de Homicídios, havia
uma grande movimentação tanto de quem trabalhava no escritório quanto de
paramédicos. Os investigadores desceram do carro e foram se informar o que
estava acontecendo.
- Não estão sabendo? – falou um dos policiais
que estava na viatura escoltando o velho, estava sentado em uma ambulância.
- Não, o que houve? – quis saber San.
- Aquele senhor – explicava o policial –
Pegou a minha arma e atirou na própria cabeça.
Ao
ouvir aquelas palavras Lisa ficou em choque, se nada desde o início fazia
sentido, agora com um assassino suicida é que não havia sentido algum. Todas as
possibilidades de resposta haviam esvaído com um tiro na cabeça.
A
investigadora olhou para o seu parceiro o qual também retribuiu mesmo olhar: de
choque. Lisa olhou ao redor, olhou para cada rosto que vinha a sua frente, ali
diante de tal situação descobriu o quanto era inexperiente no ramo. Sempre
pensou consigo mesma que estava preparada a enfrentar qualquer situação da
vida. Mas a profissão que escolhera lucidez e discernimento era fundamental,
caso contrário você corre o risco de surtar, aí, a voz da loucura fala mais
alto.
Ambos
entraram no prédio, logo na recepção viram o corpo do velho da barba longa, na
mão direita a arma, na outra o cachimbo. Lisa parou diante do corpo e o
observou.
- Lisa... tá tudo bem? – perguntou San com
certa preocupação.
- Sim! – respondeu ela – Mas não acho que
esse seja quem estamos procurando San! – falou agachando-se ao lado do corpo.
- Como não Lisa? – San madura a voz para um
tom de incredulidade.
- Isto! – ela tirou do bolso da camisa do
velho um bilhete e leu em voz alta – “A
morte é a coroa de todos na terra”.
- O que isso quer dizer? – perguntou San.
- Na verdade nada, é só um ditado popular!
Mas tenho um palpite – falou Lisa pondo-se em pé – É evidente que o cara está
brincando com a gente, cabe entrarmos na dança dele!
- Como? – San já não entendia mais nada.
- Fale para o pessoal que estou voltando para
o hotel! – ela deu mais uma olhada no corpo – A resposta está lá!
- Não quer que eu vá junto? – perguntou meio
sem jeito San.
- Não vai ser preciso! Mesmo assim obrigada
pela preocupação – retribuiu com um sorriso no canto da boca.
- AH! Já ia me esquecendo – exclamou San –
Como você descobriu sobre o hotel?
- No versículo o cavaleiro usa um arco. Na
mitologia grega o arco e flecha é um dos atributos de Apolo, simboliza a
energia solar – concluiu Lisa.
- Interessante! – falou desconcertado.
***
Um
carro parou em frente ao estádio cuja fachada continha uma espada gigantesca,
era a casa dos Guerreiros ou como alguns costumavam dizer Warriors. Um homem abriu a porta, caminhou até o porta-malas,
abriu, dentro havia um saco plástico o qual se mexia levemente e era possível
ouvir um ruído abafado.
- Levante as mãos e não faça nenhum movimento
ou eu atiro! – ouviu-se uma voz vinda por trás – Vamos Call, chega desses seus
joguinhos!
O
homem virou-se com as mãos levantadas um tanto surpreso pela intromissão.
- Hora, hora! – falou em tom sínico, com um
leve sorriso nos lábios – Quem diria! Tenente Lisa Ambrósio! O que devo o
prazer da sua ilustre presença tão tarde da noite?
- O que me diz de homicídio qualificado com
requintes de extrema crueldade! Ah... É claro! Você é isento em relação ao
remorso não é mesmo! – retrucou cinicamente a detetive.
Lisa
apontava a arma para o homem, fez um sinal com a mão e de repente um forte
aparato de policiais do grupo tático surgiu das sombras, de becos. Viaturas com
as luzes ligadas formaram um perímetro, havia também uma ambulância caso algo saísse
do planejado. O homem não expressou nenhuma reação, só encarava a detetive
friamente. San aproximou-se de Call, algemou-o e conduziu-o até uma viatura
declarando seus direitos, os que lhe restava. No meio do caminho parou de
repente, virou para a investigadora e a perguntou:
- Como soube? – quis saber o assassino.
- Novato! – começou a falar Lisa – O segredo
está em cada letra.
O
homem fitou mais uma vez a mulher, não restavam dúvidas, Lisa Ambrósio
decifrara o código do assassino.
- Nos vemos por aí! – disse o homem.
- Espero que não! – falou Lisa ironicamente
ajudando a retirar a vítima, uma mulher, do porta-malas.
- O que você vai irá fazer agora? – perguntou
San para Lisa que observava a fachada do estádio.
- Tomar um bom banho e ler um ótimo livro! –
afirmou com um sorriso.
A única satisfação que há nessa
minha profissão é quando um caso é concluído, quando se tem a chance de salvar
uma vida. O resto... São só detalhes que poucos conseguem ver. Ieda Graci escreveu
uma vez “A vida e a morte são más para quem não as compreende”. Concordo
plenamente com ela, afinal, passo a conhecer histórias de pessoas que nunca vi
em minha vida na cena de um crime. Elas falam comigo mesmo desfalecidas, as
evidencias é o seu dialeto. Às vezes me pergunto o que fizeram tais almas para
merecerem um fim tão terrível, será que foram honestas demais? Boas demais,
para um mundo que não comporta tal comportamento? Meu nome é Lisa Ambrósio e
compreendo bem a morte melhor que ninguém... O que não compreendo é a vida.
FIM.
Se você chegou até aqui, o meu muito obrigado. Se possível, claro, deixe um comentário e compartilhe o meu trabalho com seus amigos e familiares. Muito obrigado mesmo!
Também quero agradecer pela assistência uma amiga e agora psicóloga, Kênnya Danielle, que ajudou-me na composição da personagem do serial killer. Abração!
2 comentários:
Adorei o desfecho da historia,me surpreendeu muito rsrs' ,estou a espera do proximo conto :)
Exelente Múcyo! O conto ficou muito bom, com um desfecho bem interessante!
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