Era noite e por conta do frio intenso havia
pouco movimento, quase nada pelas ruas. Jeff, no entanto, permanecia sentado no
interior do seu táxi esperando alguma chamada. De vez em quando olhava para o
relógio no painel na esperança de que meia-noite chegasse logo e pudesse ir
para casa. O rádio tocava uma música bem baixinha para não atrapalhar caso a
central o chamasse, a fim de amenizar o tédio.
Em noites frias, pois, era
sempre mais complicado lucrar, porém, o jovem motorista estava bastante animado
com a quantia significativa obtida somente em uma noite de trabalho. Finalmente vou poder comprar o presente de
natal tão desejado para minha filha, pensava consigo mesmo.
O radioamador fez um ruído de
estática e logo se ouviu uma voz feminina do outro lado:
– Carro sete dois! – chamou a voz – Está na
escuta?
Jeff
ouviu o número do seu carro ser chamado, abaixou a música do rádio, pegou o
microfone e respondeu:
– Carro setenta e dois na escuta! – falou o
motorista.
– Um passageiro na Rua Leopoldo número dois –
disse a mulher.
– Por acaso fica perto da estação de metrô Semitam Rock? – perguntou Jeff.
– Aguarde um instante! – disse a mulher, Jeff
pôde ouvi-la digitando, conferindo a referência que ele dera; segundo depois
voltou e continuou – Exatamente... Fica nas proximidades do metrô Semitam Rock.
– Ok! – disse Jeff – Estou a caminho Marta...
– fez uma pausa e continuou - ...você por acaso já comprou o meu presente de
natal? – soltou uma risada.
– Engraçadinho você hein! – disse a mulher –
Tenha uma ótima noite seu bobo e não
vá se perder hein! – concluiu ela.
– Uma ótima noite para você também Marta –
falou o jovem motorista.
Jeff pisou na embreagem, girou
a chave na ignição, deu a partida, engatou a primeira marcha... De repente
surge um homem batendo no vidro do seu lado, trajava uma longa capa de chuva,
luvas e um chapéu preto. O homem parecia um tanto perturbado com alguma coisa e
pedia incessantemente para que o motorista abaixasse o vidro. Jeff por sua vez,
não viu problema em ver o que o sujeito queria:
– Boa noite! – disse Jeff tentando ser gentil
– O senhor está... Passando mal?
O homem tinha na mão um lenço azul e enxugava
o rosto, estava com a capa um tanto úmida:
– Será que você pode me levar até a estação
de metrô Semitam... – a voz rouca
fez uma pausa, olhou para ambos os lados e continuou – ...Semitam Rock? –
– É claro que sim! – respondeu Jeff – Por
favor, entre!
Tirou o chapéu e entrou no carro, o motorista
continuou a falar:
– O senhor teve muita sorte! – deu a partida
novamente no carro e saiu.
Jeff passou por um cruzamento, as ruas
estavam desertas, no para-brisa uma fina chuva começava a cair - Acabei de
receber uma chamada para pegar um passageiro próximo a estação.
– Sorte? – disse o homem – Talvez! – fez uma
rápida pausa e continuou – No final
veremos quem teve a sorte! – sussurrou o homem para si mesmo.
– O senhor falou alguma coisa? – perguntou
Jeff.
– Só falei que... Talvez a sorte seja sua! –
respondeu com um leve sorriso nos lábios.
O timbre
da voz havia mudado antes aflito e rouco, agora ficara grave e firme, um tanto
esquisito, era como se não houvesse expressão em sua voz com uma pitada de
paranoia, afinal, ninguém falava daquele jeito, não alguém normal! No entanto
Jeff não percebera a mudança repentina de humor do homem, na verdade seu novo
passageiro não apresentava nenhuma ameaça. Mas esse, no entanto, é o maior erro
que alguém poderia cometer.
3 comentários:
Amoooo suspense...fiquei curiosa...kkkk
Adorei este! a interação com a imaginação do leitor é algo que gosto bastante! Uma finalização que deixa o leitor imaginar e questionar o diversos motivos, meios e prováveis fins é bem instintivo. Parabéns
Ameeeeeeei , mas fiquei curiosa ! As possibilidades para o fim são infinitas rs Parabéns :D
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