Sentado à mesa,
sozinho, aguardava a boa vontade do garçom em lhe atender. Mas talvez estivesse
invisível e não percebera, talvez estivesse morto e não havia sentido...
- Já foi atendido,
senhor? – interrompeu o garçom segurando um bloco.
Com um sorriso disfarçado conclui que de
fato não estava invisível e muito menos morto. Recompôs-se rapidamente e então
falou:
- Quero um drink!
- Certo! – o tom da
voz do garçom saiu interjecional – Bom! Recomendaria os drinks especiais da
casa, senhor!
- E quais seriam...? –
quis saber o cliente.
- Oh, me desculpe...
Correu até o balcão a fim de pegar o menu de bebidas. O homem, pois, percorreu a lista variada com seus
olhos baixos de alguém bastante cansado. Os nomes iam desde “alegria”, “felicidade”,
“prazer”, “amor”, “saudade”, “confiança”, “desejo”, “inteligência”, “êxtase”, “esperança”,
“amnésia”, etc. No entanto nenhum lhe
agradara.
Mas ao fechar o cardápio um nome em letras bem pequenas, quase uma nota
de roda pé, lhe chama a atenção. Era justamente àquilo que precisava depois de
um dia chato de trabalho. Antes de
fazer o pedido desarrochou a gravata preta que o estrangulava e desatou o
último botão da camisa.
- Me vê uma
dose-dupla de Melancolia, sim!