segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Palavras que me Vêem



    É de falta que me vem a ausência e de querer tanto me vem um choro, tão inerte de espírito, tão doloroso de alma.

    Meu pranto não é mais de lágrimas, mas já fazia tempo que tal delírio apartara- me das emoções, do doce sabor de lábios tão trêmulos e das sensações de estas nos braços de um alguém que sempre me amparava.

   Assumo a forma transfigurada, quebrando o protocolo físico e me escondendo por sob as névoas frias de um inverno sem chuva, para depois correr o mais rápido que puder até alcançar a próxima estação do ano e então deitar- me para nuca mais levantar, dormir e assim ficar, sonhar e não chorar...

    Atrás da montanha há um jardim com flores brancas, azuis e vermelhas todas por sobre a grama. Mas há quem pense que só exista coisas belas, afinal, no centro desse jardim existe uma flor cujas pétalas e o cálice são pálidas. As mais belas ou talvez as mais feias, que cantam para a lua e refletem ao sol seu sorriso ao sol em manhãs plácidas à tardes infindas e que também dançam ao sussurro do vento do inconsciente. Mas também choram e choram como um dia me sentei em tamanha agonia e afastei- me do legado de viver para o mundo e me tranquei dentro da minha própria mente. E foi aí que senti queimar- me os olhos, minhas mãos ficaram acorrentadas pelo tempo que envelhecia a minha própria vida.

   Então não fiz outra coisa a não ser chorar e gritar até ecoar aos ouvidos de quem eu amava. E quando a morte me amparava, os teus sussurros me despertaram de tal sono mortal, abri os olhos e em meio a tanta dor eu vi de branco um pálido semblante, veio, abraçou- me e depois se virou e me disse adeus e quando acordei estas palavras já estavam no meu coração.

Múcyo Alexandre (16/09/2007)

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